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Mês passado falávamos sobre felicidade e trabalho e sentimos que não esgotamos o tema. Por isso voltamos á ele sob outro ponto de vista.

Somos fãs de dicionários. Por trás de cada palavra há histórias, e por trás delas, há muito sobre inconsciente coletivo. Aprendemos que nascemos com uma herança biológica que vai indicar entre outras coisas, a cor e a textura dos nossos cabelos, como nossos órgãos internos vão funcionar e até mesmo predisposição a doenças ou síndromes genéticas. Agora, pense em inconsciente coletivo como nossa herança psicológica.

Quem primeiro falou sobre inconsciente coletivo foi Carl Jung. “A existência do Inconsciente Coletivo indica que a consciência individual não é absolutamente isenta de pressupostos. Ao contrário: acha-se condicionada em alto grau por fatores herdados, sem falar, evidentemente, das inevitáveis influências que sobre ela exerce o meio ambiente.” (Carl Gustav Jung; A natureza da psique). Em outras palavras, ao nascermos, não somos folhas em branco.

No entanto, assim como o meio e outros fatores “desviam” o desenvolvimento do plano biológico previamente estabelecido, o mesmo acontece com nosso desenvolvimento comportamental. Nossa personalidade e nosso repertório de sentimentos, pensamentos e ações se formam enquanto interagimos com nosso meio. Por conta dessa herança psicológica, assumimos uma personagem perante a sociedade, incluindo nossos papéis sociais, as roupas que vestimos e a maneira como nos expressamos, mas, se tudo caminhar bem, equilibramos isso com quem somos de verdade, como indivíduos que reconhecemos em nós mesmos a partir de nossas experiências.

E o dicionário com tudo isso?

Vamos á ele. O termo trabalho é originário do latim tripalium, e designa instrumento de tortura.

Pausa dramática.

Pois é, mas não precisa, em absoluto, ser assim. Nossas experiências e a maneira como lidamos com elas podem mudar essa percepção, que de tão arraigada, está até na origem da palavra e faz parte de nosso inconsciente coletivo. Para mudar, as organizações devem pensar em desenvolver nas pessoas consciência, autonomia, intimidade e espontaneidade para que possam escolher elas mesmas, de forma consciente, a felicidade no trabalho, e não a tortura.

Consciência: Estimular a tomada de consciência por meio do reconhecimento da importância de cada pessoa para os processos e resultados. Planos de comunicação e preparação das lideranças para serem agentes dessa comunicação é uma boa ação.

Autonomia: Mas, para isso, é necessário, não só informação, mas também desenvolvimento das equipes em sua capacidade de tomar suas próprias decisões a partir dessa consciência. Ferramentas para tomada de decisão podem ajudar muito as equipes nessa etapa de mudança.

Intimidade: Ou melhor, o quanto as pessoas em uma organização são capazes de estabelecer relações positivas onde predominem a assertividade, a expressão de sentimentos e a troca construtiva de feedback como fonte de aprendizado. Isso se consegue investimento em Desenvolvimento Interpessoal, onde as pessoas são levadas a perceberem o impacto de seus comportamentos no outro e no ambiente e são convidadas à mudar, tornando-se mais capazes de lidar com conflitos e buscar soluções conjuntas para os problemas.

Espontaneidade: Ou, a liberdade de escolher entre várias possibilidades de comportamentos, aquele mais adequado para o momento. E a palavra chave aqui é escolha. Há espaço em sua organização para sair da curva? Errar e aprender? As lideranças estão preparadas para de fato liderar e inspirar as pessoas no lugar de mandar? Invista do Desenvolvimento Comportamental das lideranças.

Sabemos que não são ações de resultado em curto prazo, mas o desenvolvimento humano também não é. No entanto, preocupar-se e agir sobre essas questões trarão resultados tão consistentes que dificilmente haverá retrocesso. E se felicidade e produtividade andam de mãos dadas, por que não investir?

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