Não conseguimos esperar por nada. Enviamos uma mensagem, querendo uma resposta imediata, quem recebe a mensagem, quer fazer tudo ao mesmo tempo: responder, ler os noticiários e continuar trabalhando normalmente.
Estamos tão envolvidos nessa cultura, que automaticamente o imediatismo influencia de nossa forma de sentir, pensar e agir, de tal forma que nos sentimos impelidos a dar conta de tudo agora. Esse impulso compromete nossa capacidade de planejar e priorizar, influenciando nossas escolhas no presente. Somos seduzidos por tratamentos milagrosos, soluções ‘express’ e produtos inovadores que prometem resultados excepcionais instantaneamente.
O tempo deixou de ser um conceito linear para se tornar um “instante prolongado”. Estamos nos tornando escravos do presente imediato e, curiosamente, ao mesmo tempo em que queremos tudo para o presente, esquecemos que ele existe e somos movidos pela ansiedade. Especialmente pela ansiedade do que está por vir, pelo que ainda não conquistamos.
Minha experiência com desenvolvimento humano e organizacional me faz perceber que essa cultura do imediatismo vem tomando conta das iniciativas de desenvolvimento. Seja no desenvolvimento pessoal ou organizacional, ficamos angustiados para promover mudança nos comportamentos imediatamente.
É comum perceber que tanto pessoas quanto empresas adiam seus investimentos em desenvolvimento durante muito tempo, priorizando outras necessidades, até não darem mais conta de lidar com conflitos internos e externos. Os desgastes diários expõe tão claramente a necessidade de se conhecer e desenvolver que vamos à busca de ajuda de todos os lados, para dar conta na inércia acumulada em meses ou anos.
Bom, mas esse movimento não é positivo?
Seria sim, muito positivo. Não fosse nossa busca por resultados mágicos!
Queremos fazer um curso de um dia e mudar o comportamento de uma vida. Fazer um mês de terapia e resolver traumas de infância, completar três sessões de coaching e muscular novos comportamentos. Esquecemos que a progressividade nos possibilita ir experimentando novas atitudes para integrar e gerar comportamentos sustentáveis. Iludimo-nos com a possibilidade de gerar mudanças organizacionais com uma sequência rápida de treinamentos encaixotados. Capacitar um nível funcional apenas e promover resultados em toda empresa.
Penso que tais expectativas se assemelham ao desejo de fazer somente uma aula de inglês e já sair bilíngue. Definitivamente, parafraseando o caçador de enigmas – Padre Quevedo (https://pt.wikipedia.org/wiki/Padre_Quevedo) “Isso non ecziste!”.
O desenvolvimento se sustenta na progressividade e continuidade. Não há mágica!
Muitas empresas investem generosas quantias em ações de treinamento, sem conexão com a estratégia, sem considerar todos os níveis funcionais e sem analisar sistemicamente as necessidades e os resultados que pretendem alcançar. Assim como as organizações, muitas pessoas também invertem em iniciativas que não tem continuidade e por não gerar os resultados no tempo esperado, são abandonadas, confirmando a crença que ‘não tem jeito’, não há porque gastar com desenvolvimento, é ‘perda de tempo’!
Evoluímos como pessoa e como organização, à medida que investimos em formas distintas de desenvolvimento continuamente, aprendendo com nossos erros, com os experimentos, com leituras, cursos, programas estruturados e também com as trocas. Crescemos à medida que compartilhamos formas diferentes de fazer, de agir, de nos relacionar. Ninguém se desenvolve sozinho!
Simone de Andrade Klober, sócia e consultora da CCeG, Mestre em Gestão Estratégica das Organizações pela ESAG – UDESC, graduada em Psicologia pela ACE\SC, Especialista em Recursos Humanos pela FGV, Formação em Dinâmica dos Grupos pela SBDG, Formação em BPM – Gestão de Processos de Negócio – Aura Portal – Espanha. Idealizadora do projeto www.analisetransacional.com